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Divagações... com cheiro de letras e gostinho de café.

No momento? Estou no point intelectual da UnB: O Café das Letras. Tomando um capuccino, comendo um delicioso pastel assado de legumes e, claro, divagando. Isso tem ou não tem cara de 'escrever'? Então, estou aqui, dançando conforme a música. Mas deixa eu me retratar: Eu não estou matando aula. É que simplesmente minha sala de aula alagou com a última tempestade. Até que desci pra lá para dar uma olhada, mas estava tudo interditado, com dois guardinhas que não sabiam nem dizer o que estavam fazendo ali, quanto mais onde foi parar minha querida aulinha de Latim. Baseado nos fatos, inferi que não teria aula. LEGAL.
Mas voltando ao Café, deixa eu descrever o local: uma singela livraria, com o acervo da casa, e com uma minúscula lanchonete com coisinhas muito gostosas. Mesas redondas de granito com cadeiras almofadadas e com um encostos de metal triangularmente esquisitos acomodam os clientes. Daqui, temos vista para um simples jardim, umas árvores 'sujíferas' e, claro, ao movimento do campus. Os clientes? Os mais peculiares possíveis.
De minha mesa avisto um senhor grisalho, de barbas longas, óculos redondos, um misto de Papai Noel com cientista maluco, um professor doutor, suponho. Ele está com um estranho ar de preocupação, com certeza pensando em alguma equação relativista que de alguma maneira queira aperfeiçoar. Uma aluna tão peculiar quanto ele senta e puxa um papo. Isso pra mim tem cara de "ei, professor, me arranja um mestrado?"... sei lá.
Ao meu lado, três asiáticas conversam em inglês. Com dicionários. Sabe, há um mistério acerca dos asiáticos que me incomoda muito. Por que eles são tão extraterrestres? Eles, com suas línguas estranhas de oito mil desenhinhos pra decifrar, captam a língua que quiserem com a maior facilidade. E eu aqui, com o mesmo alfabeto, fico lutando pra falar inglês sem gaguejar. Eu juro que quando eu crescer quero ter olhos puxados... quem sabe não é daí que venham os seus superpoderes. Vá entender.
Um ser tão extraterrestre quanto os asiáticos está sentado na minha frente, lendo algum texto acadêmico com sua bizarra cabeleira, ornada com um patético chapeuzinho no estilo Michael Jackson. Parece até que juntou o rei do Pop com o Jimi Hendrix, uma pitada de ecoativismo e bullying, jogaram no liquidificador, bateram, e saiu isso aí, esse cruz-credo. Pérolas da UnB.
Bem a frente do Michael Hendrix sentam-se três intelectuais. Uma gordinha que parece mais ser professora de economia doméstica ou de cursos profissionalizantes do SESC, uma velha repuxada que nem parece ser professora, mas uma madame que no máximo curte jardinagem e que acompanha o marido, que pelos escritos em sua camiseta, deve ser um arquiteto, ou coisa assim. Como a maioria aqui da UnB, estão discutindo sobre o mundo, o esquecido marxismo, o governo, a URP, a Dilma e o show do Guilherme Arantes que vai ter hoje no Teatro Nacional.
Dois nerds esperam seus cafés apontando para o teto, olhando analiticamente para as instalações, provavelmente apostando quem calcula primeiro a resistência elétrica das lâmpadas somente pelo lote de fabricação.
Ah, não! Eu ia parar por aqui, mas um casal extremamente surreal acaba de se sentar na mesa à esquerda dos nerds. Eles estão acompanhados de um cara normal, até parecido com o Guilherme Winter de Tititi. Mas eles, ah, eles... O cara, com vestimentas de pesca profissional e uma Crocs cegantemente laranja, limpa sua boca com as mãos de unhas absurdamente pintadas da cor licor com café, acredito. Sua esposa, uma loira tatuada, está grávida. Ela tem um visual meio punk, cabelo à la Rainha dos Baixinhos com as laterais raspadas, uma loucura. Também usa Crocs, mas mulher de crocs rosa a gente perdoa. E suas unhas estão pintadas da cor das do marido. Pelo amor de vosso filho, procurem um psiquiatra... essa pobre criança já sofre bullying desde o ventre da mãe... 
Fora isso, pessoas normais também freqüentam o Café. Elas estudam, conversam e riem, usam roupas ocidentalmente aceitáveis, coçam suas cabeças quando pensam, e limpam a boca de café com um guardanapo.
Mas existem outras, indecifráveis, que simplesmente sentam na mesa como se não houvesse amanhã, como se não houvessem resenhas e leituras a se fazer, como se não houvesse nenhuma preocupação nesse mundo, pegam seu caderno, sua caneta preta e, freneticamente, com sua crítica incisiva e desenfreada, começam a analisar os clientes do Café das Letras.
Essas últimas eu não entendo, e tenho pra mim que nunca hei de entender.



LT

2 comentários:

  1. O que eu acho engraçado é eu passar 1 ano sem entrar no meu blog e, quando eu entro, sempre tem um post recente seu... mas com espaço de 1 ano pro antigo xD
    Acho que são coisas do inconsciente coletivo ou seilá do que!
    Te vejo dia 29, Lore!

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  2. hahaha! Quem sabe não é isso mesmo, né! E quanto a você? Atualizar que é bom nada! Até!

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